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Mais que números, uma filosofia de investimentos.

Papo de Valor com André Gordon (GTI Administração de Recursos)

Multiplicou por 7x o Capital Investido em 18 Anos

ago 26, 2025


Investidor em Valor,

No Papo de Valor de hoje teremos um convidado especial:

André Gordon

Vamos conhecer essa fera?

Gordon atualmente é sócio-fundador e gestor na GTI Administração de Recursos.

Em aproximadamente 18 anos, de dez/07 a jun/25, a carteira de Gordon gerou um retorno de 605.04% no período, enquanto o Ibovespa gerou um retorno de apenas 115.96%.

IV: Gordon, poderia falar um pouco sobre você?

AG: Tenho 52 anos e mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro. Sou economista formado pela USP, com mestrado em Economia pela EPGE/FGV, no Rio de Janeiro.

Ao longo da minha carreira, atuei na tesouraria do Bozano, Simonsen, na asset do Santander e na tesouraria do Itaú BBA. Fui sócio-fundador da Turim, em 2001, e da GTI, em 2007, onde atuo até hoje como gestor dos fundos da casa.


IV: O que significa GTI?

AG: GTI são as iniciais de Gordon e Turim Investimentos. A Turim é um family office do Rio de Janeiro que foi nosso sócio até 2014. Hoje não faz mais parte da sociedade, mas mantivemos o nome, principalmente por uma questão de tradição.


IV: Qual percentual do patrimônio do GTI Dimona, o flagship da casa, pertence aos sócios?

AG: Cerca de um terço dos recursos dos fundos abertos na rede, Dimona e Nimrod, são dos próprios sócios.


IV: Qual a sua estratégia para ganhar dinheiro na Bolsa?

AG: Adotamos uma estratégia baseada em investimento em valor (value investing), com foco em análise fundamentalista e uma visão de longo prazo. Buscamos investir em empresas nas quais identificamos uma margem de segurança suficientemente elevada, considerando a taxa de desconto aplicada aos seus fluxos de caixa futuros.

Em geral, priorizamos companhias que possuem alguma vantagem competitiva em seus segmentos, o que aumenta a probabilidade de que se mantenham resilientes mesmo em ambientes de negócios mais instáveis ou desafiadores.


IV: Como é o seu processo para garimpar uma nova oportunidade de compra? Quais filtros usa?

AG: Conto com o apoio de uma equipe de seis analistas. Temos uma via de mão dupla no processo de geração de ideias: os analistas, especialistas em seus respectivos setores, frequentemente me trazem novas oportunidades, e, em outras ocasiões, sou eu quem os provoca com hipóteses de investimento.

Acompanhamos um universo de 300 a 330 empresas, das quais aproximadamente metade passa por uma análise mais aprofundada — incluindo avaliação por fluxo de caixa descontado (VPL), múltiplos e outros indicadores. Para a construção do portfólio, combinamos abordagens top-down e bottom-up.

No caso de empresas menores, valorizamos uma proximidade maior: realizamos visitas in loco, conversamos com fornecedores e clientes-chave para entender de forma mais concreta os principais pontos fortes e riscos do negócio.


IV: Como você faz o valuation de uma ação: DCF, Múltiplos, TIR implícita, um mix dos anteriores, …?

AG: Como comentei anteriormente, utilizamos as ferramentas clássicas de análise — fluxo de caixa descontado, múltiplos, entre outras. No entanto, empregamos esses instrumentos principalmente como ferramentas de sensibilidade. Na prática, o que realmente orienta nossas decisões é a análise qualitativa. Nosso foco é entender se a empresa possui algum diferencial competitivo claro — um edge — que lhe permita se destacar frente aos concorrentes e manter sua relevância e sustentabilidade ao longo do tempo.


IV: Como você gosta de construir o seu portfolio de ações, considerando número de empresas, setores e concentração?

AG: O tamanho das posições no portfólio é determinado por uma combinação de fatores: atratividade da avaliação (valuation), presença em um setor que consideramos promissor, qualidade da governança corporativa e, por fim, liquidez. Entre esses quatro critérios, a liquidez tende a ter um peso menor em nossa análise, dado que nossa visão é de longo prazo — e, em muitos casos, um desconto significativo pode justificar a menor liquidez do ativo.

Gosto de construir o portfólio com uma concentração entre 15 e 20 ativos. As posições ideais ou típicas variam entre 3% e 15% do portfólio, a depender dos critérios mencionados anteriormente — como valuation, qualidade da governança, atratividade do setor e liquidez.

Procuramos não concentrar mais de 20% do portfólio em um mesmo subsetor — esse é o nosso limite máximo de exposição por segmento.


IV: Com que frequência você gosta de rebalancear a carteira?

AG: O balanceamento da carteira é feito diariamente. Estou envolvido ativamente na gestão, acompanhando de perto o tamanho das posições. Como mencionei, elas costumam variar entre 3% e 15% do portfólio. Quando alguma posição se aproxima desse limite superior de forma passiva, geralmente fazemos pequenos ajustes — preferimos não deixar que ultrapasse esse patamar.

IV: Quanto tempo em média mantém uma posição na sua carteira?

AG: Em média, mantemos as posições no portfólio por um período entre dois e cinco anos. Temos exemplos de investimentos de longa duração, como Simpar, desde o IPO, além de Itaú e Gerdau, que estão na carteira desde cerca de 2011.

Eventualmente, também realizamos posições táticas, com horizontes de investimento mais curtos — entre seis meses e dois anos —, quando identificamos oportunidades específicas. Ainda assim, o prazo médio das posições permanece tipicamente na faixa de dois a cinco anos.


IV: Gerdau e Simpar: duas empresas super cíclicas. Por que não surfar os ciclos e vender na euforia ao invés de carregar por prazos mais longos?

AG: Tanto Gerdau quanto Simpar têm, de fato, os seus ciclos — especialmente a Gerdau, mas a Simpar também, por conta dos ciclos macroeconômicos. São posições de muito longo prazo, mas a gente administra esses ciclos ajustando o nível de exposição em cada uma: ora estamos mais comprados, ora menos. Muitas vezes, é justamente nos momentos ruins do ciclo que temos maior exposição, com um número maior de ações. E, nos picos de ciclo, é quando normalmente mantemos a menor exposição.


IV: Você acredita que a análise gráfica, juntamente com a análise fundamentalista, pode ajudar nos pontos de compra e venda de ações?

AG: Não utilizamos análise técnica ou gráfica como base para nossas decisões de investimento. Embora façamos uso de gráficos, eles servem apenas como referência histórica — uma forma de acompanhar onde os preços dos ativos estiveram no passado, tanto recente quanto mais distante. No entanto, jamais tomamos decisões com base exclusivamente em padrões gráficos.


IV: Quais são os seus setores favoritos na Bolsa? E os que você evita? Por quê?

AG: Atualmente, nossos setores preferidos são aqueles em que identificamos uma vantagem competitiva natural no Brasil, especialmente ligados a commodities e agronegócio. Por outro lado, não temos interesse em transporte aéreo e enxergamos as incorporadoras imobiliárias principalmente como oportunidades de curto prazo.


IV: Você usa stop loss? Onde costuma colocar?

AG: Não utilizamos stop loss. Para nós, é fundamental revisar diariamente as ações à luz dos preços e verificar se houve alguma mudança na nossa análise. Caso identifiquemos alterações relevantes, é o momento de decidir se devemos sair da posição, aumentar ou reduzir a exposição.


IV: Você usa derivativos? Qual a sua estratégia?

AG: Evitamos ao máximo o uso de derivativos, ainda que eventualmente os utilizemos como hedge em situações muito específicas. A última vez que fizemos uso foi durante o impeachment da Dilma, há cerca de 10 anos.


IV: Qual a ação brasileira com o maior potencial de alta (ou melhor risco/retorno) na sua carteira hoje? Poderia explicar sucintamente o case?


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