Carta do Gestor - Outubro de 2025
- André Gordon
- 4 de nov.
- 4 min de leitura
Prezados cotistas,
Outubro foi um mês positivo para os mercados domésticos, com máximas sendo renovadas. O IBOVESPA subiu 2,26%, igual ao S&P500, 2,27% e abaixo do Nasdaq que fechou com alta de 4,7%. O Dólar se apreciou 2,1% em relação a cesta de moedas e 1% em relação ao Real. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD novamente não acompanharam esse bom desempenho. Terminaram o mês com altas mais modestas, de 0,16%, 0,35% e 0,08%, respectivamente. Os treasuries caíram em torno de 10 pontos base, com retorno do 10y fechando o mês em 4,08%.
O principal evento do mês foi o já esperado corte de 0,25% na taxa básica de juros dos EUA para o intervalo entre 3,75% e 4%. Os estimadores de inflação cederam, na margem, com o núcleo rodando ainda no intervalo anualizado de 3%, acima da meta. O mercado de trabalho deu alguns sinais de enfraquecimento, mas a atividade segue resiliente com destaque para setor de serviços.
Diversos indicadores econômicos nos EUA não têm sido divulgados devido ao “shutdown”, que completou um mês de vigência. A paralisação no Governo norte-americano se deve ao impasse no Congresso Nacional para a aprovação do orçamento para 2026. Os democratas exigem a prorrogação de programas como o de assistência médica como condição para a aprovação do orçamento. Neste interim, 750 mil funcionários públicos estão de licença não remunerada, o que pode acabar levando a uma piora nos indicadores de confiança.
A sinalização de que o ciclo de aperto monetário esteja se aproximando do fim, favorece em tese um maior apetite a risco, beneficiando países emergentes. Em paralelo, o Governo Trump vem caminhando na direção de acordos comerciais com países como o Japão e outros asiáticos, inclusive com a China. A economia chinesa parece estar sentindo o peso das tarifas adicionais aplicadas pelos EUA e tem buscado novos estímulos para que seu produto siga com crescimento em torno de 5% ao ano.
O Brasil padece da doença crônica que é o desequilíbrio fiscal gerado por Governos populistas. O BCB tem feito sua parte, mantendo a taxa básica de juros num nível bastante elevado de forma a ancorar a taxa de câmbio e evitar a dispersão nas expectativas de inflação futura. O crescimento dos gastos públicos acima da inflação impede que haja a convergência dessas expectativas para a meta estabelecida pelo CMN.
Nos últimos dias os economistas começaram a revisar para baixo suas expectativas de inflação. Talvez esse movimento possa sensibilizar o COPOM para antecipar o início do ciclo de corte na taxa Selic para o início de 2026. O atual nível de juros, se insuficiente para desacelerar ainda mais a atividade, está começando a cobrar um elevado custo a um número cada vez maior de Empresas. Muitas dessas Empresas aproveitaram as taxas mais baixas de juros durante o período da pandemia para tomar recursos para expansão e compras de ativos.
Os excessos de gastos do Governo não apenas interromperam o processo de queda da Selic que havia sido iniciado, mas levaram-na para um patamar que parecia que não voltaria a nos assombrar tão cedo. Essa incongruência de pisar no acelerador e no freio ao mesmo tempo não costuma logar êxito ao motorista imprudente.
Não podemos deixar de mencionar a operação policial que houve no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, uma das maiores já ocorrida e que deixou um saldo de mais de 120 traficantes mortos e quase uma centena de fuzis apreendidos.
Essa operação não contou com o apoio do Governo Federal e ocorreu poucos dias após uma gafe do presidente, num discurso de improviso, onde colocou os traficantes como “vítimas” dos usuários de drogas.
A opinião pública apoiou majoritariamente as ações do Governo fluminense e essa combinação de fatos pode interromper o processo de recuperação de popularidade que o Governo Lula vinha experimentando.
A elevação de quase 3% nos preços do minério de ferro e os bons resultados da Vale levaram as ações da Empresa a uma alta de 13,4% no mês, sendo nossa maior contribuinte, seguida de perto pelas ações da Gerdau, com alta de 14% e destaque para as boas margens nas operações dos EUA, compensando as margens mais baixas no Brasil. A terceira maior contribuinte foram as ações da 3 Tentos, com alta de 14,5% devido as expectativas positivas quanto aos resultados operacionais para o terceiro trimestre.
As detratoras de resultado foram ações da São Martinho, posição recente do fundo e que caiu quase 20% no mês com a queda de 13% no preço do açúcar. A queda de 3,5% no preço do petróleo ajudou a explicar parte do desempenho negativo de quase 18% das ações da Brava, combinado com o anúncio da venda de posição por parte de acionistas de referência, o que ajudou a pressionar ainda mais as ações. Do ponto de vista operacional a Empresa está em seu melhor momento, mas obviamente não obtendo todo o benefício esperado devido ao menor nível de preços do petróleo.
Por fim, aproveitamos a forte alta nos preços das ações da Eletrobrás para vendermos nossa posição, após uma elevação de mais de 50% nos últimos 3 meses. A forte alta se deveu a combinação de boas notícias como a venda na sua participação de Eletronuclear e a expectativa para forte distribuição de dividendos nos próximos anos após anúncio da nova política de remuneração ao acionista. As ações da Empresa estão sendo negociadas próximo a 8 vezes a geração de caixa operacional, hoje apresentando uma menor margem de segurança, principalmente se o preço dos novos contratos de longo prazo não superarem o patamar de R$ 200/mWh.
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

Atenciosamente,
André Gordon.


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