Carta do Gestor - Novembro de 2025
- André Gordon
- há 14 minutos
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Prezados cotistas,
Novembro foi um mês bastante positivo para os mercados domésticos, com novos recordes sendo atingidos. O IBOVESPA subiu 6,37%, superando em muito a alta do S&P500, de 0,13% e a queda do Nasdaq, de 1,6%, com destaque para a queda de 12,6% da NVDIA, que representou uma perda de valor de mercado equivalente a 80% do IBOVESPA. O Real se apreciou 0,35% em relação a cesta de moedas e 0,8% em relação ao Dólar. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD, acompanharam esse bom desempenho e terminaram o mês com altas de 6,3%, 6,5% e 4,9%, respectivamente. Os treasuries caíram em torno de 7 pontos base, com retorno do 10y fechando o mês em 4,01%.
A economia norte-americana segue crescendo, mas com piora no mercado de trabalho e inflação nos mesmos patamares que causavam desconforto ao FED. Muitos dados ainda represados devido ao shutdown, mas claramente o FED passou a se preocupar mais com a atividade do que com a inflação. Após o corte da taxa básica no final de Outubro, há expectativa de um novo corte em Dezembro o que deve trazer a taxa para 3,75%. Se no campo doméstico Trump parece ter menor grau de liberdade para ações, no campo internacional isso já não acontece. Além de uma tentativa de forçar o acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o governo norte-americano está empenhado em combater o narcotráfico com origem no Governo de Nicolas Maduro, na Venezuela.
Já no Brasil há uma grave crise institucional sendo provocada pelo STF e que tem levado a sanções por parte da Administração Trump. A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro foi decretada um dia após os EUA levantarem diversas tarifas adicionais sobre a importação de produtos Brasileiros. Como um hábil negociante, Trump fez a concessão de olho na inflação doméstica. Um descuido “em casa” pode lhe trazer derrotas nas eleições de meio de mandato, dificultando suas ações futuras.
O BC anunciou a liquidação extrajudicial do Banco Master no que parece ser mais um grande escândalo Brasileiro, envolvendo, inclusive a participação de um Banco estatal, o BRB, e diversas personalidades do mundo jurídico-político. O Banco captava recursos a taxas muito acima daquelas praticadas por Instituições parecidas, aproveitando-se da proteção oferecida pelo FGC – fundo garantidor de crédito. O rombo deixado pelo banco deverá consumir em torno de 40% dos recursos deste fundo de proteção ao sistema financeiro.
Na área econômica, as expectativas de inflação para os próximos anos estão caindo, convergindo para a meta em 2028. Com menos vagas de trabalho sendo criadas e diante de indicadores cíclicos apresentando sinais contraditórios, parte do mercado começou a antecipar o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros para o início de 2026, o que ajudou o apetite para risco.
A relação entre dívida líquida e PIB segue em trajetória de alta tendo atingido 65%. Sabemos que adentramos um ano eleitoral e que neste momento dificilmente a classe política se debruçará sobre o tema, mas a seguir nessa trajetória, um ajuste fiscal em 2027 será inevitável.
O principal índice de commodities também apresentou queda de 1,2% no mês, com destaque para a queda de 4% do petróleo, diante de uma possibilidade do final da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O açúcar teve pequena recuperação depois da forte queda de Outubro. A parte do portfólio mais relacionada às commodities impediu uma alta ainda mais acentuada de nosso portfólio, com ações como Suzano, Brava e São Martinho tendo inclusive caído no mês.
Os destaques positivos ficaram por conta de empresas mais voltadas ao mercado doméstico. As ações da Simpar subiram 38% no mês, seguidas pelas ações da MRV, com alta de 23%. Shoppings, provedores de acesso à internet subiram por volta de 10%.
Não podemos deixar de comemorar os 18 anos do fundo GTI Dimona, completos no dia 30 de novembro. Foram anos bastante desafiadores. Logo nos primeiros meses do fundo enfrentamos a crise no mercado hipotecário norte-americano, a chamada crise do Subprime, e que arrastou para si as maiores instituições financeiras. Foi a pior crise do capitalismo, desde 1929.
Anos mais tarde, ainda como reflexo desta crise hipotecária, as consequências para a Europa também foram sentidas, afetando principalmente os PIIGS - Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Grécia. Logo em seguida vivemos o catastrófico Governo Dilma Rousseff, que nos brindou com a maior queda de atividade econômica de nossa história até meados de 2016 através de um longo e penoso processo de Impeachment quando o vice-presidente Michel Temer assumiu. Entre ajustes e reformas necessários, Temer passou seu Governo se defendendo de um novo impeachment, tendo sido o “Joesley Day” seu momento mais sensível. Vieram as eleições de 2018 e tendo sobrevivido a uma tentativa de assassinato, o candidato à direita Jair Bolsonaro venceu as eleições. O Brasil parecia estar entrando num novo ciclo econômico, com “mais Brasil, menos Brasília”.
Foi aprovada um grande Reforma Previdenciária e tudo parecia caminhar para um círculo virtuoso, interrompido pela pandemia da Covid19. O Mundo parou, de forma inédita. Nas eleições de 2022, o ex-presidente e que havia sido condenado pelo maior esquema de corrupção jamais registrado foi resgatado pelos magistrados, disputou e venceu as eleições.
Ao assumir o Governo, resgatou todas as políticas que haviam levado o Brasil aos problemas econômicos nos Governos anteriores, consoante com suas promessas de campanha. Como resultado disso, em meio às incertezas políticas e sob um forte ciclo de aperto monetário, nosso déficit fiscal que ultrapassa 8% do PIB e com a trajetória entre dívida e PIB crescendo fortemente.
Recapitulamos este longo período para mostrar que na maior parte do tempo, o ambiente macroeconômico não se mostrou favorável, mas ainda assim tivemos nesse período um retorno de 510% enquanto o IBOVESPA subiu 90%. Uma geração de alfa de 7% ao ano. Se adicionarmos os 4 anos anteriores, quando Dimona era um “Clube de Investimentos” foram 3.450% de retorno diante de 545% do Ibovespa. 17,6% ao ano contra 8,8% do IBOVESPA. Quase 9% ao ano de geração de alfa.
Nosso portfólio está sendo negociado hoje próximo a 7 vezes o lucro estimado para 2026 e com dividend yield em torno de 6% ao ano. Achamos importante deixar essa lembrança registrada, pois ela nos deixa confiantes de que, seguindo a mesma filosofia de investimentos e mantendo a mesma disciplina que nos permitiu chegar até aqui, poderemos continuar a nossa jornada pela busca do “alfa”, atravessando os mais desafiadores cenários. Convidamos vocês a seguirem conosco pelos próximos 18 anos.
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

Atenciosamente,
André Gordon.
