top of page

Carta do Gestor - Setembro de 2017

Prezado cotista,


Nosso portfólio teve em setembro um forte desempenho, com alta de 9,9% contra uma variação de 4,9% do Ibovespa. Acumulamos 69,4% de variação neste ano, enquanto o principal índice da bolsa brasileira sobe 23,3%.


Depois de diversas medidas positivas e corretas adotadas pela equipe econômica desde que Michel Temer assumiu a presidência, fica cada vez mais evidente que estamos em meio a um processo de retomada da atividade econômica. E a cada mês, os indicadores positivos ganham destaque enquanto os indicadores negativos vão perdendo espaço. O desemprego voltou a cair, para 12,8% e o índice de confiança do consumidor da CNI voltou a superar a marca de 100. Os dados sobre o PIB, referentes ao segundo trimestre, superaram as previsões de estabilidade e os dados de varejo seguem positivos. A inflação segue extremamente comportada, por volta de 2,5% em relação ao mesmo período de 2016.

Neste cenário benigno, onde ainda há baixo uso de capacidade, de 77,5% e desemprego ainda elevado, o risco inflacionário segue bastante reduzido. Na reunião de setembro, o COPOM reduziu a taxa básica de juros em 1%, para 8,25%. Acreditamos que ainda teremos mais duas reduções na taxa SELIC este ano: 0,75% na reunião de outubro e mais outro corte de 0,50% na reunião de dezembro, encerrando o ano em 7%. Há quem vislumbre um movimento ainda mais forte de queda de juros para este ano, mas nós acreditamos que o sucesso obtido neste processo foi tamanho, que um pouco de parcimônia nesta etapa final faria todo o sentido.


No campo político, o presidente Temer enfrentará em outubro a segunda denuncia feita contra ele pelo Ministério Público, seu último grande obstáculo. Acreditamos que esta denúncia, assim como a primeira, foi lastreada sobre processos de delação premiada feita de forma muito pouco ortodoxa e carece de provas materiais comprobatórias. Deverá ter como destino o arquivamento. E tão logo esse assunto saia da agenda, acreditamos que a Reforma da Previdência ganhara destaque. Há grande vontade na Fazenda para que tal reforma seja levada a cabo, ainda que desidratada em relação ao projeto original e também entre diversos políticos, dos mais diferentes partidos e que sabem da inevitabilidade do tema, mais cedo ou mais tarde. Quanto mais cedo, menos custosa e nada melhor do que um governo com baixa popularidade para fazer o trabalho mais difícil.


Os mercados ainda estão céticos quanto à aprovação desta reforma durante este governo. Nós acreditamos que se o projeto apresentado conseguir limitar a idade mínima da aposentadoria em 65 anos para os homens e 62 para as mulheres, com período de contribuição mínima de 25 anos e um regime de transição que tenha algum impacto econômico, as perspectivas de mais longo prazo para nossa economia melhorarão sensivelmente. Provavelmente observaremos um processo de queda nas taxas reais de juros de mais longo prazo, com reflexos positivos para a bolsa.


Os destaques ao longo do mês ficaram novamente por conta das empresas varejistas e de shopping centers, que se beneficiam diretamente deste cenário de queda de juros e retomada da atividade. Também destacamos nossos investimentos nos segmentos industriais e ligados à produção de automóveis, que novamente obtiveram forte desempenho.


A volta do país para a normalidade, depois da hecatombe deixada pelo governo do PT, é um processo longo e contínuo, com graus de risco variando de acordo com a percepção pela classe política de que as coisas estão melhores ou piores. Como a melhora começa a ficar mais evidente a cada semana, a tendência é que adentremos um círculo virtuoso e que passará inevitavelmente pela aprovação da Reforma da Previdência e será coroado com o processo eleitoral de 2018. Quanto melhor o Brasil chegar às eleições, menores serão as chances de que o populismo prevaleça nas urnas e maiores serão as chances de que o novo presidente adote um discurso mais fiscalista, mais ortodoxo e focado na disciplina fiscal. Quando lá estivermos, ao olharmos para o ponto onde agora estamos, provavelmente nos parecerá que era óbvio o caminho a ser trilhado a partir deste ponto. O trem partiu, mas ainda há tempo para que os mais céticos embarquem, antes que a locomotiva acelere.


Atenciosamente,

André Gordon

bottom of page