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Foto do escritorAndré Gordon

Carta do Gestor - Setembro de 2016

Prezado investidor,


Neste mês de Setembro, como esperávamos, o foco do mercado doméstico foi deslocado para o exterior. Sendo o mês que antecede as eleições municipais, pouco deveríamos esperar de Brasília. Por outro lado, ao longo do mês o FED indicou um tom um pouco mais duro em relação à política monetária, para então suavizá-lo, indicando que não há pressões de curto prazo que indiquem uma elevação na taxa básica de juros já na próxima reunião.


O Banco Central do Japão também inovou na heterodoxia e indicou que terá como meta manter a taxa de juros nos títulos de 10 anos próxima de zero. O que adicionou um tempero mais amargo aos mercado foi a multa preliminar que a justiça americana aplicou sobre o Deutsche Bank, de USD 14 bilhões, bem acima dos valores provisionados e colocando em risco o balanço desta instituição. O governo alemão se manifestou no sentido de que não haverá socorro à instituição. Como acreditamos que há poucos sinais de pressões inflacionárias, entendemos que a liquidez global permanecerá abundante, o que beneficiará o Brasil nos próximos anos.


Os resultados das eleições municipais apresentaram uma amarga derrota para os candidatos mais à esquerda, em particular àqueles do PT. Passado este período, o foco dos congressistas se voltará para as reformas que estão sendo gestadas. Elas é que determinarão a evolução positiva dos nossos fundamentos. Estamos moderadamente otimistas quanto à aprovação da mais importante das medidas para o curto prazo: a PEC 241, que limita o teto dos gastos públicos à correção inflacionária pelos próximos 20 anos. Essa PEC poderá ser aprovada na câmara dos deputados ainda em outubro, sendo então encaminhada ao Senado.


A Reforma da Previdência deve ficar para o primeiro semestre de 2017, mas as discussões preliminares indicam que a idade mínima será elevada para 65 anos e poderá ser elevada conforme a melhora na expectativa de vida dos brasileiros. Tudo o mais constante, esse movimento deve contribuir para que o BC inicie o processo de corte na taxa Selic, uma vez que a inflação começou a ceder e o nível de atividade ainda está bastante deprimido.


Essa combinação de bons fundamentos, salvo algum evento não esperado, deverá fazer de outubro um mês de ajustes de preços dos ativos para uma nova realidade, levando-se em conta a consolidação do governo Temer e o início das reformas tão necessárias e aguardadas.


Nosso portfólio teve um comportamento bem próximo ao do índice IBOVESPA, apesar do fato de empresas de menor capitalização de mercado terem sido penalizadas em função de ligeiro aumento na aversão ao risco. Os indicadores de confiança tanto do varejo quanto da indústria seguiram evoluindo. O quarto trimestre do ano será, provavelmente, um divisor de águas.


Aproveitamos o aumento no prêmio pela liquidez, para trocar ações do Banco Itaú por ações de sua holding Itaúsa, cujo desconto superou 25%. Também aproveitamos para recomprar as ações da Queiroz Galvão (QGEP3), esse um investimento de mais longo prazo, mas que havia tido uma forte correção de preços após o anúncio da compra, pela Statoil, da participação que a Petrobrás detinha no super campo de Carcará. Apenas a parcela de 10% detida pela QGEP foi avaliada acima de seu valor de mercado. Naquela oportunidade aproveitamos para vender as ações e agora as recompramos com um desconto de quase 25%.


Por fim, a Profarma também anunciou neste mês a aquisição da rede Rosário, com foco na região Centro-Oeste do país e que dobrará o seu número de unidades. Se por um lado esperávamos um tempo maior para que a fusão entre a Drogasmil e a Tamoio pudesse apresentar resultados mais robustos e comprovar a capacidade de integração do grupo, por outro lado entendemos que esta oportunidade pode acelerar o crescimento da área de varejo no grupo. Vamos acompanhar de perto esta integração, mas certamente após a entrega de bons resultados, a empresa passará a ser observada de mais perto por um número muito maior de investidores, já que passará a ser a sexta maior rede do país, num mercado ainda bastante fragmentado.


Enfim, esperamos que estes sinais indiquem a volta da normalidade para as diversas atividades empresariais depois de um longo e tenebroso inverno.


Atenciosamente,

André Gordon

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