Prezados cotistas,
O mês de outubro de 2018 encerrou o mais conturbado processo eleitoral desde a redemocratização do Brasil. Mesmo os esforços coordenados entre os principais adversários e grande parte da mídia não foram suficientes para reverter o quadro que já se desenhava. Foram todos surpreendidos pela nova forma de se fazer campanha política, sem alianças partidárias e sem ficar devedor de favores para seus apoiadores. Amparado por essa independência, o futuro presidente, Jair Bolsonaro, terá a liberdade para compor um ministério com indicações mais técnicas. Entre os nomes já anunciados para ocupar os futuros ministérios, destacamos o do economista liberal Paulo Guedes, a quem caberá o "Super Ministério da Fazenda". Observando a agenda de Paulo Guedes, ficamos bastante otimistas com o futuro promissor que se apresenta. Falaremos a respeito mais adiante.
Surpreendendo a maioria dos analistas, Jair Bolsonaro conseguiu uma ampla vitória sob vários aspectos. A grande diferença entre seus votos e os de Fernando Haddad lhe conferiu maior legitimidade perante o estamento político e aos brasileiros, de forma geral. Um grande número de governadores eleitos, dentre os quais aqueles das principais unidades da federação, declarou apoio a Bolsonaro. Seu partido, o outrora desconhecido PSL fez a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 52 deputados federais. As três principais bancadas temáticas, a evangélica, a ruralista e a da segurança lhe declararam apoio. Bolsonaro terá certa facilidade, ao menos no início de seu governo, para obter a maioria de 308 votos necessários para aprovar reformas constitucionais.
O futuro Ministro da Fazenda já deu as principais diretrizes que adotará. E elas nos agradam. Paulo Guedes quer atingir o equilíbrio fiscal até 2020. Para tal, ele deve anunciar a venda de alguns ativos, cujos recursos seriam utilizados para o abatimento de dívida, além de promover uma reforma previdenciária, essencial para equilibrar a trajetória da dívida pública, tornando-a sustentável. Interlocutores de Paulo Guedes e do Governo Temer já iniciaram tratativas para que o projeto de Reforma Previdenciária apresentado e já tramitado durante o Governo Temer possa inclusive ser colocado para votação ainda em 2018. Acreditamos que esse movimento seria importantíssimo e daria maior conforto para que se promovesse outros ajustes, mas com as contas mais próximas do equilíbrio.
Outra importante proposta que pode evoluir ainda neste final de mandato se refere à independência do Banco Central. Talvez essa proposta, caso aprovada, possa ser considerada o maior legado da atual gestão. O presidente do Banco Central teria um mandato de 4 anos, sendo escolhido no meio de uma legislatura, até metade da seguinte. Ele teria independência para utilizar os instrumentos de política monetária de forma a cumprir as metas de inflação definidas pelo CMN, escapando do populismo eleitoral que tantas vezes vitimou e fragilizou ou nossa economia. Se apenas esses dois pontos fossem endereçados, o risco Brasil seria reduzido para seu menor patamar em décadas e, consequentemente, a taxa de juros real exigida pelos credores tenderia a cair bastante, atraindo capitais para investimentos tanto externos quanto internos.
Além dos principais pontos acima, acreditamos que a agenda macroeconômica de Paulo Guedes deva contemplar, adicionalmente, diversas simplificações tributárias e regulatórias de forma a aumentar nossa competitividade e contribuir para atrair poupança externa para nossos projetos. O programa de Paulo Guedes também privilegiará relações bilaterais com economias desenvolvidas, liberando o Brasil das amarras impostas pelo Mercosul.
É o tal ciclo virtuoso, que há tanto esperamos, perto como nunca.
O COPOM manteve a taxa SELIC estável, em 6,5% e observamos um deslocamento da curva longa de juros em torno de 1,5 p.p. para baixo. O Real teve forte apreciação, de 8%. Mesmo com os principais índices das bolsas norte-americanas caindo entre 5% e 8%, o IBOVESPA teve uma alta de 10,1%, enquanto nosso portfólio teve seu melhor desempenho desde março de 2016, com elevação de 21,2%.
Há pouco mais de um mês, dois dentre os principais institutos de pesquisa do país sinalizavam que um dentre os candidatos da esquerda venceria Jair Bolsonaro num eventual segundo turno. Em função deste risco, os preços dos ativos domésticos estavam bastante deprimidos. Os resultados catastróficos provocados pela política econômica populista da esquerda são amplamente conhecidos por aqui. Essa forte mudança nos preços relativos e em tão curto espaço de tempo reflete um pouco a eliminação deste risco de cauda.
Destacamos em nosso portfólio o excelente desempenho de algumas dentre as nossas principais posições, as ações das varejistas Guararapes e Hering, com altas em torno de 30% e das empresas de Shopping Center Sonae Sierra e BRMalls, com altas de 16% e 32% respectivamente. Outras posições menores também tiveram excelente desempenho. As ações da Eletrobrás subiram mais de 45% até nossa venda enquanto a Petrobrás subiu 31%.
Estamos otimistas quanto aos primeiros sinais vindos da equipe de transição do novo governo, e acreditamos que o reflexo nos preços dos ativos será bastante positivo. Podemos estar apenas no início de um novo e longo ciclo de crescimento sustentável.
Atenciosamente,
André Gordon
Opmerkingen