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Carta do Gestor - Outubro de 2017

Prezado cotista,


Depois de três meses consecutivos com forte desempenho, em outubro o índice Ibovespa fechou estável e apenas 1% acima do recorde atingido em 2008. Nosso portfólio obteve um retorno positivo, de 1,99%, superando os 72% de retorno neste ano contra 23,4% do Ibovespa.


O cenário externo seguiu benigno com alta moderada nas principais bolsas do planeta. Por conta da especulação quanto ao nome do próximo presidente do FED, houve um fortalecimento do dólar norte-americano em relação às principais moedas do mundo, de 1,6% e, em particular em relação ao Real, de 3,45%. Apesar do nome do diretor do FED Jerome Powell ser o mais cotado para assumir a função, outro nome cotado para substituir Janet Yellen em fevereiro em 2018 seria o do renomado economista John Taylor, mais conservador e autor da famosa “Regra de Taylor”, que indicaria um nível de taxa básica de juros ligeiramente acima do atual nível. A atual presidente, apesar de ter uma linha parecida com a de “Jay” Powell, é vista como alguém mais favorável ao excesso de regulações, o que vai em direção contrária a da plataforma do presidente Donald Trump.


No Brasil, a dinâmica inflacionária segue benigna, o que permitiu o esperado corte de 0,75% na taxa Selic, restando um último corte de 0,5% para a reunião de dezembro, o que levará a taxa Selic para 7%, menor nível da série. Novos cortes de juros a partir deste nível estarão condicionados a diversos fatores e consideramos que ainda é prematuro para especularmos.


Os indicadores continuaram evidenciando a retomada da atividade econômica, ainda que ligeiramente abaixo das expectativas e o desemprego referente ao mês de setembro teve nova redução para 12,4%. Parte das melhores expectativas para o último trimestre deste ano é oriunda deste aumento de massa salarial e que deve estimular o comércio nas festas de final de ano.


Ao longo do mês, as primeiras empresas começaram a divulgar os resultados referentes ao terceiro trimestre do ano. De forma geral, os resultados foram positivos e em linha com as expectativas, refletindo algum crescimento nas receitas e custos controlados, fruto de ajustes feitos durante a crise.


Destacamos o lucro líquido apresentado pelo Banco Itaú, de R$ 6,3 bi no trimestre e sustentando um ROE superior a 21%. O banco apresentou uma melhora nos indicadores de inadimplência e está preparado para a retomada do crescimento na atividade creditícia. Preferimos o investimento através da holding Itaúsa, que atualmente está sendo negociada com um desconto superior a 25% em relação aos seus investimentos, dos quais o Banco Itaú ainda representa cerca de 90%.

Com a rejeição pela Câmara dos Deputados de que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer seguisse para o STF, o país poderá finalmente se voltar para a agenda mais positiva. A atuação de forma mais política e menos técnica do antigo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, serviu apenas para atrasar a agenda de reformas e, como consequência, além do desgaste político para o presidente, encareceu bastante a conta dos brasileiros. Provavelmente esse atraso na aprovação da Reforma Previdenciária custará mais aos cofres públicos do que todos os recursos desviados da Petrobras e investigados pela operação Lava-Jato.


O projeto da Reforma da Previdência que estava em tramitação no Congresso deverá sofrer modificações de forma a simplificá-lo, de forma a aumentar as chances de sucesso para a sua aprovação. Acreditamos que ele será restrito a preservação da idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, ao tempo de contribuição mínima, de 25 anos e a uma regra de transição. Apesar desta proposta de reforma ser inferior em relação tanto às expectativas anteriores quanto às nossas necessidades fiscais, ela ajudará a reduzir o crescimento da dívida interna e permitirá, desde que haja também a volta do crescimento econômico e de maior arrecadação, o cumprimento da PEC 55, de respeito ao teto de gastos. O tempo é exíguo e a base do governo está menos coesa do que em outros momentos.


Por outro lado, pela primeira vez em muitos meses a popularidade do presidente apresentou ligeira melhora, provavelmente refletindo a geração de empregos e a inflação baixa. Já fomos mais otimistas quanto a sua aprovação ainda em 2017, mas acreditamos que o governo pode e deve fazer um último esforço para aprová-la.


Por fim, sabemos que o principal fator de risco para os próximos meses deverá ser oriundo do cenário eleitoral. O mercado acredita que o ex-presidente Lula não será candidato, por conta de uma eventual condenação em segunda instância em algum dos oito processos em que é réu. Essa condenação o inabilitaria para concorrer ao cargo.


Terminou a lua de mel entre os paulistanos e o prefeito de São Paulo, João Dória, de forma que seu nome vem perdendo força na disputa como postulante à presidência, tanto pelo seu atual partido, o PSDB, quanto por outra legenda. O nome do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vem se consolidando como a candidatura mais alinhada com os principais partidos que hoje compõe a base do governo. A inexpressiva Marina Silva, que foge de quaisquer debates e polêmicas exceto nos meses que antecedem as eleições, segue como sendo a principal e mais viável força no campo socialista e disposta a conquistar os 25% a 30% do eleitorado do PT. Por fim temos Jair Bolsonaro, o único candidato visto como diferente dos políticos tradicionais e que orbitaram nos últimos 25 anos entre PT e PSDB. Nas pesquisas eleitorais, tanto nas espontâneas quanto nas estimuladas, ele tem apresentado popularidade superior a 15%, sendo o segundo candidato mais popular. Ainda é muito cedo para o natural afunilamento dos candidatos e nomes recorrentes como Ciro Gomes ou nomes novos como Henrique Meirelles, João Dionísio e o do apresentador Luciano Hulk são sempre citados. Voltaremos a este tema nas próximas cartas mensais.


Atenciosamente,

André Gordon

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