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Carta do Gestor - Maio de 2025

Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD subiram 2,2%, 2,1% e 1,9%, enquanto o IBOVESPA subiu 1,4%. O Dólar perdeu 0,1% em relação a cesta de moedas, mas ganhou 0,87% em relação ao Real. Os Treasuries abriram taxa, em 30 pontos base para os vencimentos mais longos, com o título de 10 anos negociando a 4,46% e o de 2 anos a 3,96%, sugerindo possível recessão à frente.


A “Guerra Tarifária” ainda está longe de ter seu desfecho, mas paulatinamente os acordos entre os EUA e seus principais parceiros comerciais, Japão, Reino Unido e União Europeia vem sendo costurado, nos bastidores. Já no acordo com a China, país alvo prioritário das sanções, foi concedida uma redução das tarifas extras por 90 dias até que um acordo final possa ser firmado. As tarifas aplicadas contra o país asiático recuaram de 145% para 30% enquanto os Chineses aplicarão 10% sobre os produtos americanos ao invés de 125%. No Oriente Médio, nenhuma grande operação militar ocorreu entre Israel e Irã, possivelmente a pedido dos EUA, que trabalha em um eventual acordo nuclear com o Irã. Rússia e Ucrânia, sob mediação dos EUA, cogitam um encontro em solo turco, mas sem que o cessar fogo tenha de fato ocorrido. Sob essa menor turbulência, os Mercados mundiais tiveram desempenho bastante positivo.


A economia Norte-Americana mostrou alguns sinais de desaceleração na atividade e com a inflação ainda acima daquela pretendida pelo FED. O FOMC manteve a Taxa Básica de Juros entre 4,25% e 4,50% e os Mercados ainda trabalham com 2 reduções de 0,25% ao longo do segundo semestre. No Brasil, a atividade mantém certa resiliência, com surpresas positivas no mercado de trabalho. Os indicadores de inflação têm perdido fôlego, com o IPCA-15 de Maio vindo em 0,36%, abaixo dos 0,44% esperados. O COPOM elevou a Taxa Básica em 0,50%, no que aparenta ser a última elevação deste ciclo, salvo algum descontrole maior nos gastos públicos obrigue novas ações.


E por que nosso mercado ficou para trás neste mês? Poderia buscar várias explicações, inclusive voltando ao tema do retorno elevadíssimo dos títulos de renda fixa brasileiros, principalmente as NTN-Bs, indexadas a inflação e que retornam mais de 7% real ao ano. No entanto, temos um problema muito maior e que faz com que os demais pareçam secundários: a questão fiscal. O atual Governo segue gastando como se não houvesse o amanhã e se mostra incapaz de cumprir com as metas pré-estabelecidas junto aos brasileiros.


A revisão orçamentária não trouxe boas notícias. A Fazenda buscou acalmar os mercados dando junto com a notícia ruim, o que deveria ser uma notícia boa. Estamos no limite de risco quanto a uma trajetória com convergência da relação entre Dívida e PIB. Essa dinâmica, sob os atuais parâmetros, só seria estabilizada dentro de 2 ou 3 anos e num patamar significativamente superior ao atual. Ocorre que os atuais parâmetros consideram a busca pelo equilíbrio primário como premissa fundamental. Apenas com o Governo contendo seus gastos, teríamos um recuo na Demanda Agregada, ajudando a estabilizar a inflação e as estimativas futuras de inflação, permitindo uma queda paulatina na Taxa de Juros para quem sabe, num horizonte não muito distante, alimentar um círculo virtuoso.


                De forma pouco científica, o Ministro Haddad anunciou a elevação na alíquota de IOF para diversas modalidades de operações financeiras, alegando “simplificar” essa tributação a partir de alíquotas mais homogêneas. O envio de dólares para contas no exterior teve a alíquota elevada de 1,1% para 3,5%, por exemplo. No after market o MSCI Brazil chegou a cair 4%, levando o Governo a rever parcialmente as medidas, em particular aquelas relacionadas a investimentos no exterior. O que acabou pressionando os mercados foi, no fundo, a percepção de que o atual Governo ainda teria tempo para mais medidas atabalhoadas como essa, mas sem menção a qualquer corte de despesas, principalmente quando a popularidade do Governo e do Presidente da República segue se deteriorando com mais de 50% de desaprovação ao Governo.


Em função deste quadro, se fortalece a tese de que nas eleições de 2026, a oposição deverá ganhar as eleições. O nome do Governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, é dado como o favorito, levando-se em conta a atual inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos parece um pouco cedo para cravar um prognostico e tudo ainda pode acontecer, principalmente levando-se em conta a fragilidade de diversas decisões adotadas pelo TSE ou pelo STF. Hoje, de fato, nos parece improvável o sucesso do atual Governo em se reeleger ou alguém de seu Grupo. Nos meses que restam há pouco espaço para colher o resultado de ações concretas e no sentido correto. Podem surgir mais medidas populistas para preservar o apoio popular, mas que tendem a trazer ainda mais ruídos para a economia como um todo, inclusive podendo ter efeito contrário.


Boa parte dos maiores desempenhos observados nos mercados está em setores relacionados à atividade doméstica e de maior Beta. Achamos prematura a “virada total de chave”, neste momento. Seguimos com empresas que conseguirão atravessar esse período, chegando inteiras na outra margem. Tivemos nos últimos meses algum aumento de exposição ao ciclo doméstico, mas em doses que nos permitem atravessar de forma mais segura a eventual transição. Bem mais fácil esse movimento quando as empresas mais relacionadas a economia globais estão sendo negociadas nos menores múltiplos em muitos anos, com forte geração de caixa e fluxo de dividendos.


Os maiores retornos do mês vieram das ações da Lojas Renner, empresa que há poucos meses foi penalizada de forma acentuada pela comunicação confusa em relação aos resultados. Desde então as ações tiveram um retorno de 65%, sendo 24% apenas em Maio. Na sequência, as ações da CBA subiram 19,6% e as da Brava 8,9%, com a recuperação no preço do Petróleo. Exportadoras como Suzano e Vale caíram entre 0,9% e 1,4% com Dólar mais fraco e crescimento Chinês em risco.

 

Assistimos a movimentos incomuns no campo das relações internacionais, principalmente entre Brasil e EUA, com a possível restrição a determinados integrantes do Governo Brasileiro e que estariam sendo sancionados por atentar contra “Direitos Humanos” ao promover abuso de poder. Há uma possibilidade de que tal pressão possa contribuir para que os sistemas de freios e contrapesos de nossas instituições voltem a trabalhar de forma mais harmônica, diminuindo um pouco a temperatura para o período pré-eleitoral que em poucos meses adentraremos. Sem dúvidas, um momento bastante singular em nossa história.

Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.


 
 
 

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