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Carta do Gestor - Agosto de 2025

Prezados cotistas,


             O mês de agosto foi bastante positivo para os mercados domésticos, recuperando as perdas de julho e com o IBOVESPA fechando em novas máximas históricas após a alta de 6,28%.  Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD também acompanharam esse bom desempenho, com altas de 6,01%, 5,87% e 5,32%. O Dólar perdeu 2,2% em relação a cesta de moedas e 3,3% em relação ao Real.

           Os Treasuries fecharam taxa, em 17 pontos base para os vencimentos mais longos, com o título de 10 anos negociando a 4,2% enquanto o de 2 anos a 3,63%, o principal índice de commodities, o CRB, fechou o mês com nova queda de 1,3%, com destaque para a queda de 7,5% do petróleo enquanto o minério de ferro subiu 3,8%.

Os mercados consolidaram expectativas de que o FED voltará a cortar a taxa básica de juros, já nesta reunião de setembro, com pelo menos mais um corte adicional ainda neste ano. Apesar da inflação permanecer resiliente e acima do 2% pretendido pelo FED, a economia tem mostrado leves sinais de desaceleração, principalmente vindos do mercado de trabalho, o que trouxe a curva de juros toda para baixo. Ainda no início do mês, parte dos produtos brasileiros exportados para os EUA começou a pagar uma tarifa adicional de 40%, tarifa essa que fora anunciada em julho.

O Governo Brasileiro não obteve sucesso em buscar, junto aos seus pares norte-americanos, um acordo melhor. Ainda mais grave, tudo indica que o Itamaraty não teve sucesso nem na busca por alguma interlocução junto aos norte-americanos. O Presidente Trump tem deixado claro que essas tarifas são punitivas e que teriam ligação com as frequentes interferências dos Tribunais Federais (STF e TSE), atentando contra a liberdade de expressão de indivíduos e de empresas norte-americanos.                                                          O Governo federal anunciou o Plano Brasil Soberano para minimizar os impactos dessas novas tarifas, principalmente sobre o emprego. O Governo destinará R$ 30 bi do FGE (Fundo Garantidor de Exportações) em linhas de crédito com taxas mais acessíveis, além da suspensão do pagamento de tributos para as empresas exportadoras e aumento na restituição via Novo Reintegra. Nossa primeira leitura é de que o único caminho para a restituição do bom andamento do setor, no longo prazo, é a busca por um acordo. Medidas paliativas não tendem a lograr sucesso, principalmente, tendo aprendido como é o Modus Operandi do Governo Trump. Há o risco de que, na manutenção de parte dos fatores apontados como críticos pelos EUA, novas tarifas e medidas possar se somar às atuais.

Destacamos que as consequências para países que entram na mira dos EUA podem ser muito preocupantes. Apesar do Ministro Flavio Dino ter determinado que empresas nacionais poderiam ser punidas no caso do atendimento a Lei, os bancos nacionais já se manifestaram em sentido contrário. Melhor seria lidar com multas e chantagens pela Corte, do que ser excluído de sistemas como o SWIFT e mesmo de plataformas das gigantes de tecnologia norte-americanas, o que levaria o sistema à inoperância.

Além desse risco político, a atividade começa a apresentar mais sinais de desaceleração. As vendas no varejo já apresentam queda em relação a 2024 assim como diversos indicadores cíclicos. Em contrapartida, os estimadores de inflação perderam a força, trazendo as expectativas quanto ao início de corte na taxa Selic para o final deste ano, reduzindo o efeito do discurso mais hawkish apresentado na divulgação da ata da reunião de 30 de julho. Acreditamos que apesar desta conjuntura complexa e desafiadora que o Brasil enfrenta, o nível de preços extremamente depreciado dos ativos em Bolsa, tem sido um contraponto e explicam parte da recuperação.

              Nos encontramos então numa posição bastante delicada enquanto gestores de recursos. Nossa preocupação primeira segue sendo a busca por empresas com claras vantagens competitivas em seus respectivos segmentos e menos dependentes do mercado doméstico ou sujeitas a interferência nos seus negócios de políticas Governamentais.

               Por outro lado, entendemos que uma guinada a favor da oposição tenderia a beneficiar muito um Grupo de Empresas com maior Beta – sensibilidade em relação à atividade doméstica. Estariam nesse Grupo, Empresas com maior endividamento, porém, com capacidade de se ajustar a períodos de dificuldades mais duradouros e que teriam seu modelo de negócio fundamentado na racionalização de custos para outras empresas, como no caso das empresas de logística.

           Seguimos então com o portfólio privilegiando dentro dos segmentos domésticos as Empresas de melhor qualidade como Itaú ou Multiplan, combinando com Empresas mais expostas à economia global, onde o Brasil tem fortes vantagens competitivas, principalmente commodities e agro. O início da queda de juros nos EUA tende a favorecer esse Grupo de Empresas.

  Os dois principais destaques no portfólio em agosto foram justamente Empresas domésticas e cujo principal fator de risco percebido pelo mercado seria seu elevado endividamento: Simpar e MRV. A Simpar anunciou a venda da Ciclus Ambiental para a Aegea por R$ 1,1 bi, além da mais R$ 800 milhões em dívida. O caixa que entrará na holding reduzirá o endividamento líquido desta em aproximadamente 30%. Acreditamos que tenha sido o primeiro grande movimento no sentido de reduzir o endividamento da holding. As ações da Simpar subiram 21%. O mercado, há muito, desconfia da capacidade de sobrevivência da empresa diante de sua dívida líquida que ultrapassa R$ 40 bi. Somos investidores da Simpar (antiga JSL) deste seu IPO em 2010. Já passamos por momentos ainda mais desafiadores. Atualmente a holding tem 4 subsidiárias listadas e com capacidade de ajuste de estrutura de capital com relativa rapidez. Possuem uma elevada posição em caixa de forma que, apenas ao sacrificar crescimento adicional, estariam gerando caixa e reduzindo o endividamento. Além das subsidiárias listadas, a Simpar tem ainda a CS Brasil, com foco em concessões, a CS Infra, com destaque para terminais portuários e a BBC Holding atuando em serviços financeiros.

Os ativos da Ciclus Amazônia permanecem sob a CS Brasil. Tais ativos tem merecido pouca atenção por parte dos investidores, quando ignorados totalmente. A venda acima mencionada mostra o potencial para destravar valor nesta empresa que hoje tem aproximadamente 90% de seu valor na dívida e apenas 10% no equity

Já a MRV teve alta de 27,6% no mês. A empresa está muito perto de vender os ativos da subsidiária Resia, nos EUA e que, com a queda nas taxas de juros, além da entrada de caixa, poderia recuperar parte das perdas provisionadas. Em paralelo, as operações no Brasil seguem num momento muito positivo.

Vale destacar também a alta de 24% nas ações da Eletrobrás, com o pagamento de R$ 4 bi em dividendos, além do comunicado de que dividendos adicionais de R$ 1,8 bi serão distribuídos. A empresa deverá ser uma grande pagadora de dividendos nos próximos anos.

Já comentamos em outras oportunidades que ainda é cedo para celebrar uma nova tendência de mais longo prazo. Sabemos que preços estão muito baixos e que o atual modelo econômico dá sinais de exaustão, o que pode ser monitorado pelo forte déficit nominal e grande dificuldade em encontrar novas fontes para financiar essa expansão de gastos. Os próximos meses serão bastante intensos em informações que ora tendem a alimentar uma espécie de euforia, ora podem nos trazer de volta à realidade da política. Mar calmo nunca fez bom marinheiro.




Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

Atenciosamente,

André Gordon.

© Todos os direitos reservados para GTI Administração de Recursos LTDA.

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