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Carta do Gestor - Maio de 2019

Prezados cotistas,


O mês de maio nos pareceu uma boa síntese do mosaico de forças que deverão atuar, nos próximos meses, em Brasília. Assistimos aos fortes abalos sísmicos que colocaram instituições em risco e, por que não dizer, pudemos constatar que, quando as forças resultantes são amparadas e impulsionadas por segmentos insuspeitos da sociedade, os resultados finais tendem a ser na direção desejada.


Na primeira metade do mês, vimos o IBOVESPA romper o nível de 90.000 pontos, motivado pelas notícias negativas do exterior e somadas à crise política interna. A rentabilidade dos títulos de 10 anos do tesouro norte-americano passou a ser inferior à dos títulos curtos. Essa inclinação negativa na curva de juros costuma sinalizar o risco de recessão à frente. Os mercados já trabalham com expectativa de que o FED irá promover pelo menos dois cortes de taxa de juros este ano. Houve, ao longo do mês, uma nova escalada na guerra comercial entre EUA e China. Os EUA elevaram de 10% para 25% a tarifa de importação sobre USD 200 bi em produtos importados da China que, por sua vez, ameaçou limitar a exportação de terras raras para os EUA, colocando em risco sua capacidade de produção em setores importantes e ligadas à tecnologia.


Em Brasília, os congressistas ameaçaram não votar importantes MPs que caducariam no início de junho, o que obrigaria o Presidente da República a recuar de sua reforma administrativa, recriando Ministérios ora extintos e colocando em xeque a sua capacidade de governar. Os partidos de oposição e alguns sindicatos, junto com professores e estudantes, utilizando como desculpa o pequeno contingenciamento de gastos anunciado para o MEC, organizaram a primeira maior manifestação contra o governo, no dia 15. As velhas pautas defendidas pela esquerda, inclusive os pedidos de liberdade para o ex-presidente Lula, foram resgatadas, com destaque para aquelas contrárias à reforma da Previdência.


Quando tudo parecia “pegar fogo”, movimentos populares difusos e algumas lideranças setoriais organizaram, para o dia 26, uma grande manifestação em apoio à agenda de reformas e em defesa do Projeto Anticrime do Ministro Sérgio Moro. Apesar do inédito boicote de alguns blogueiros, de movimentos de rua como o MBL e de jornalistas a este evento do dia 26, o apoio popular difuso começou a ficar explícito e a crescer, a partir das redes sociais. Sob esta pressão das ruas, que todos sabem como começa, mas nunca onde e como pode terminar, os presidentes do STF e das casas legislativas se reuniram com o Presidente da República e selaram uma espécie de “pacto de governabilidade”. Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre organizaram as votações de MPs importantes e, para a importante MP do setor de saneamento, preferiram substitui-la por um Projeto de Lei a ser tramitado em regime de urgência. Os fatores domésticos passaram a ganhar importância e o Brasil se descolou do resto do mundo. Escapamos da “maldição de maio”.


Tivemos como destaque, novamente, o excelente desempenho das ações da JSL logística. A empresa apresentou melhora operacional sensível nos últimos trimestres, principalmente em função da sua controlada Movida, de locação de autos. Seu crescimento foi de 14% no ano, apesar do ambiente macroeconômico difícil. A geração de caixa operacional cresceu 26% e o lucro foi recorde para o trimestre. O detalhe é que, apesar da alta de 100% no ano, a empresa segue barata e com enorme potencial. Outro destaque no mês ficou por conta do desempenho das ações da Copel ON e PNB, com altas de 21% e 16,5%, respectivamente.


Já as ações da Sabesp oscilaram conforme as expectativas quanto à aprovação ou não da MP do Saneamento, acima citada, fechando o mês com ligeira queda. O destaque negativo ficou por conta do desempenho das ações da Guararapes, que por mais um trimestre apresentou problemas relacionados à logística com a implantação do sistema “Push & Pull”, o que acarretou em perda de vendas por falta de mercadorias, num trimestre já mais fraco do que o esperado e acumulo de estoques em outras lojas, obrigando a gastos com logística reversa e, consequentemente, perda de margens.


Aparentemente, os ruídos dissonantes e que encobriam a música estão se dissipando de forma que já conseguimos identificar, com alguma clareza, a letra da canção. Os preços dos principais ativos voltaram para perto de seus máximos recentes, mas ainda não contemplando a miríade de possibilidades que se apresentará com a melhora do horizonte de mais longo prazo. Esperamos que no próximo mês possamos voltar a este tema e, talvez, com os mercados já trabalhando com algumas mudanças de parâmetros.

Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA


Atenciosamente,

André Gordon

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