top of page

Carta do Gestor - Junho de 2025

Prezados Cotistas,


O mês de Junho, apesar de algumas profecias apocalípticas por conta dos recentes conflitos geopolíticos, em particular da guerra entre Irã e Israel, acabou de forma serena e surpreendente. Temia-se que ataques de Israel ao Irã poderiam levar a respostas direcionadas às refinarias e campos petrolíferos da Arabia Saudita, Iraque, Oman e Kuwait, além do fechamento do estreito de Ormuz, por onde escoa um terço da produção mundial de petróleo. Ainda existia o risco de que estes ataques pudessem descambar para um conflito nuclear, seja pelos riscos diretos de ataques sobre as instalações iranianas, seja por eventual resposta israelense a ataques irracionais pelo Irã. 


Israel aguardou o prazo de 60 dias para tentar a costura de um acordo. No insucesso da empreitada, Israel iniciou seu ataque às capacidades nuclear e balística do Irã, aproveitando-se de ataque prévio que desmantelara os sistemas de defesa antiaéreo da Nação Persa. De forma intempestiva ainda que provável, os EUA utilizaram seus bombardeiros B-2 para promover um ataque decisivo contra as 3 principais instalações nucleares iranianas, destacando-se a de Fordow, construída 80 metros abaixo de uma montanha.


O mundo soube do ataque quando as aeronaves norte-americanas já estavam fora do espaço aéreo iraniano e, na sequência, os EUA conclamaram Israel e Irã a um cessar fogo, em vigor até o presente. O petróleo, que negociava abaixo de USD 60/boe antes do conflito, fechou o mês por volta de USD 65/boe, após ter superado os USD 75 durante os momentos mais críticos nestes 12 dias de guerra.


A calmaria momentânea levou as atenções do mercado para a reunião do FED, que manteve a taxa básica em 4,5%, ainda desconfortável com a resiliência da inflação no intervalo acima do 2% desejado e das incertezas advindas da “guerra comercial”. No dia 9 de Julho se encerrará o prazo estabelecido por Trump para fechar os novos acordos comerciais com Países afetados pelas tarifas recíprocas. Até que se chegue ao equilíbrio, podemos experimentar mais alguns dias de volatilidade.


No Brasil a tônica segue a mesma. O Governo quer gastar cada vez mais e para que não se perca o controle sobre o endividamento público, tenta elevar impostos para financiar essas despesas. O Congresso Nacional, entretanto, disse não ao Presidente Lula. Não há espaço para mais tributos. Através de um decreto legislativo, vetou a elevação do IOF. Os Governistas levaram o caso ao STF, novamente, buscando interferência desta “Corte Plenipotenciária” e que tem substituído os demais poderes de Estado, inclusive o próprio MPF.


Enquanto a Fazenda foge de suas responsabilidades, o Banco Central segue demonstrando independência em suas decisões e promoveu uma última elevação na Taxa Selic para 15% ao ano. Entendemos que essa elevação tem caráter mais simbólico do que prático, dado o elevado patamar em que os juros hoje se encontram. As expectativas de inflação têm recuado, ainda acima das metas num horizonte relevante, mas recuperando a trajetória desejada pelo BC.


Em meio a este cenário de mais calma no exterior, os nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD subiram 1,23%, 1,13% e 1,25% em Junho, ligeiramente abaixo do IBOVESPA que subiu 1,33%. O Dólar perdeu 2,5% em relação a cesta de moedas e 5,1% em relação ao Real. Os treasuries fecharam taxa, em 12 pontos base para os vencimentos mais longos, com o título de 10 anos negociando a 4,28% e o de 2 anos a 3,77%, ainda sugerindo possível recessão à frente. Influenciado pela elevação de 7,8% no preço do petróleo, o principal índice de commodities, o CRB, fechou o mês com alta de 2,3%, enquanto o minério de ferro caiu 1% e o alumínio subiu 6,2%.


Dentre os destaques positivos no mês, as ações da MRV subiram 20,4% com a conclusão da venda do empreendimento Dallas West e de um terreno pela subsidiária Resia, avançando na estratégia de redução do endividamento. O valor recebido corresponde a aproximadamente 10% do valor de mercado da MRV e deve ser sucedido por novas vendas nesta magnitude. O segundo destaque foi a alta de 16,2% nas ações da Companhia de Saneamento do Paraná SANEPAR.


A volta da tramitação da PEC do Zema que derruba a exigência de consulta popular para a privatização de estatais voltou a tramitar. Hoje temos a Sabesp sendo negociada em torno de 10% acima do valor de seus ativos regulatórios e a Copasa um pouco abaixo.


Já a Sanepar ainda é negociada com um desconto de 25% para o valor de seus ativos, ainda que seja considerada dentre as melhores operadoras do setor. Dentre os destaques negativos, tivemos as ações da Simpar, que caíram 4,7% no mês, depois de estar com mais de 12% de alta. Hoje, 90% do valor da empresa é composto por dívida e apenas 10% por equity. Rumores sobre eventual redução na alíquota de IPI para carros populares, levaram as ações de locadoras de automóvel a fortes quedas, em particular da subsidiária Movida.


Por fim, o desgaste político do atual Governo se eleva e aumentam as expectativas de que a Oposição possa retomar o poder nas eleições do próximo ano. O cenário seria extremamente benigno aos mercados que, ceteris paribus, tenderia a ter as ações brasileiras sendo negociadas muito acima dos atuais preços. Entretanto, recomendamos cautela dado o longo trajeto entre a atual percepção otimista até a divulgação dos resultados.


É importante seguir com investimentos em empresas mais resilientes e, de forma oportunista, aproveitar os exageros de lado a lado para, ora ministrar maior dose de risco ao portfólio, ora reduzir.


“O caminho ao Olimpo é curto, mas é muito longo”.


Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.


 
 
 

Comments


© Todos os direitos reservados para GTI Administração de Recursos LTDA.

bottom of page