top of page

Carta do Gestor - Junho de 2017

Prezado cotista,


Conforme havíamos previsto, o TSE não cassou a chapa Dilma-Temer. A esperada calmaria, entretanto, não houve. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, entrou com uma denúncia contra o presidente Michel Temer. Estamos agora na fase onde uma comissão especial, presidida pelo deputado Sérgio Zveiter, fará um parecer quanto a esta denúncia e que será levado ao plenário. Independentemente do parecer do deputado, será necessária uma maioria de 342 deputados para autorizar o STF a seguir com o julgamento do presidente. Nesse caso, o presidente teria que se afastar por até seis meses, enquanto o STF faz o julgamento. Caso o julgamento não seja concluído nesse período, o presidente afastado volta às suas funções até o final do julgamento (caso seja condenado) ou do mandato. No caso do afastamento de Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, assumiria interinamente a presidência da República.


Estamos assistindo a um filme de terror. Parece não haver inocentes nessa história. Mesmo o Procurador Geral da República parece agir de forma pouco técnica e buscando alguma espécie de vingança. Esse mesmo procurador ainda não encontrou tempo para pedir a abertura de investigação contra os ex-presidentes Lula e Dilma, pelas fortes acusações que sofreram na mesma delação de Joesley Batista. O fato de ainda não haver evidências provando ser o presidente Temer o destinatário final da mala de dinheiro transportada pelo seu ex-assessor Rocha Loures e também a fragilidade técnica da gravação feita por Joesley, garantem a Michel Temer esperanças de sobreviver a este e mais outros dois pedidos de investigação contra si e que devem ser feitos pelo arqueiro Janot.


E nesse mês de junho, apesar destas incertezas vindas do campo político, os mercados trabalham com certa manutenção no status quo na equipe econômica. O Ibovespa fechou com leve alta, de 0,3% enquanto o nosso fundo subiu 1,46%. Encerramos o primeiro semestre do ano com uma rentabilidade de 26,6%, significativamente superior ao desempenho do IBOVESPA, de 4,4%.


Podemos destacar o bom desempenho dos principais setores em que temos investimentos, assim como de uma gestão mais ativa, procurando aproveitar tanto algumas distorções intra-setoriais, quanto nos preços de determinadas empresas.


No setor de varejo, destacamos o desempenho das ações da Guararapes ON e da Hering ON, com alta de 57% e de 35%, respectivamente. No setor de aluguel coorporativo, nossas posições subiram em média 17%. As ações ON da Gerdau tiveram alta de 28,6% e nossas industriais, principalmente do setor de autopeças, tiveram alta superior a 40%. Aproveitamos eventos como, a revisão de tarifas no setor de saneamento ou a operação Carne Fraca, para comprar ações da Copasa e da BRF, bastante descontadas. Não podemos deixar de mencionar também o desempenho das ações da Locamérica, de 56%, mas que com os benefícios esperados pela fusão com sua então concorrente, Ricci, continua com múltiplos muito parecidos com aqueles do início do ano.

Para esta segunda metade do ano, esperamos que o mercado possa retomar sua tendência de alta de longo prazo, tão logo fique mais claro qual será efetivamente o formato da Reforma da Previdência e o andamento da operação Lava-Jato. Colocamos esta principal reforma como certa, ainda que possa ocorrer apenas após as eleições do novo presidente. Há um consenso, entretanto, sobre sua necessidade e urgência. A reforma trabalhista deve ser aprovada nos próximos dias. Apesar de pouco impacto fiscal, é bastante importante para melhorar indicadores de produtividade do país.


Por fim, não devemos nos esquecer de mencionar os benefícios oriundos da inflação sob controle. A taxa Selic, hoje em 10,25%, deve ter novo corte de 0,75% ao final deste mês. O CMN aproveitou esse bom comportamento da inflação para abaixar as metas de inflação de 2019 e 2020 para 4,25% e 4% respectivamente. O cumprimento das metas fiscais será fundamental para que sigamos com a retomada da economia de forma sustentável e sem comprometer as expectativas inflacionárias. Ainda consideramos baixo o risco de descontinuidade na condução da política econômica à luz das eleições de 2018, tanto menor o risco quanto mais o país tiver avançado nas reformas acima.


Atenciosamente,

André Gordon

bottom of page