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Carta do Gestor - Julho 2016

Prezado investidor,


No mês de julho, nosso fundo voltou a apresentar um desempenho bastante positivo, fechando com alta de 17,1%, superior aos 11,2% do índice IBOVESPA. O Real teve pequena depreciação frente ao dólar, de pouco mais de 1%.


O cenário internacional mais calmo contribuiu para este forte desempenho. Após o susto dos mercados quanto ao BREXIT, veio uma realidade bem mais tranquila. Com a percepção de que o FED só iniciará seu aperto monetário mais para o último trimestre do ano, os agentes de mercado saíram em busca de ativos com maiores retornos e os ativos brasileiros cumprem bem esta função. Acreditamos que este cenário externo benigno prevalecerá nos próximos meses.


Do ponto de vista doméstico, o processo de impeachment seguiu seu curso determinado com a expectativa para a votação final do relatório do Senador Anastasia para a primeira semana de setembro. A conclusão deste processo, ainda que em boa parte precificada pelo mercado, contribuirá para a atração de investimentos de longo prazo para o país. Também servirá para conferir maior legitimidade ao presidente interino Michel Temer, além de reduzir muito o poder de barganha de deputados e senadores de sua base de apoio.


Ao longo do mês do julho, o deputado Eduardo Cunha renunciou à presidência da Câmara dos Deputados. Nas eleições que se seguiram Rodrigo Maia do DEM venceu a disputa contra Rogério Rosso do PSD, uma das lideranças do “Centrão”. O resultado foi visto de forma positiva, pois permite uma consolidação de toda base de apoio ao governo em torno do nome de Rodrigo Maia. Na agenda do novo presidente da Câmara, que se encerrará em 31 de janeiro de 2017, o foco será na condução das reformas de cunho econômico.


O deputado quer votar ainda este ano a PEC que limitará o crescimento de gastos do setor público à inflação do ano anterior, a renegociação das dívidas dos Estados e a Reforma na Previdência. A primeira reforma terá forte impacto no curto prazo enquanto que a última terá maior importância para equilíbrio fiscal de médio e de longo prazo. Entendemos que o sucesso na aprovação destas três reformas contribuirá para a convergência das expectativas inflacionárias de 2017 e 2018 para o centro da meta de inflação e com isso se abrirá espaço para um afrouxamento na política monetária e retomada na atividade econômica.


A propósito, o BC foi bastante claro em sua última ata. A convergência das expectativas inflacionárias para o centro da meta deverá ocorrer junto com o ajuste fiscal e esse processo permitirá o início nos cortes de juros, no nosso entendimento no último trimestre deste ano.


Nosso portfólio segue investido em empresas que tendem a se beneficiar direta e indiretamente da queda de juros e da retomada da atividade econômica, principalmente nos setores de varejo, locação de imóveis, logística e infraestrutura. Apesar da forte alta neste ano, os preços dos ativos brasileiros seguem bastante depreciados sob a ótica de um cenário mais benigno, respeitado o tripé de nossa política macroeconômica (câmbio flutuante, equilíbrio fiscal e meta de inflação). Quando colocado sob uma perspectiva internacional, essa discrepância é ainda maior.


Podemos estar iniciando um longo ciclo de retomada da atividade. A porta é bastante estreita, neste primeiro momento, provocando uma recuperação mais acentuada nos preços dos diversos ativos. Conforme os parâmetros voltem à normalidade e o valor de mercado das empresas aumente junto com o aumento na demanda por ativos nacionais, deverá ocorrer um aumento na oferta através das mais diversas operações de mercado de capitais.


Gostamos de lembrar que o retorno dos investimentos tende a ser proporcional ao risco incorrido, ex-ante. Conforme forem dissipados os principais fatores de risco, os preços tendem a se ajustar em patamares mais elevados, implicando retornos menores, ainda que mais previsíveis.


Depois do processo de impeachment, que consideramos o grande fator de risco e sem o qual poucas esperanças de recuperação havia, as reformas acima mencionadas formam um segundo bloco relevante. Para aqueles com maior apetite a risco, aproveitem as liquidações.


Atenciosamente,

André Gordon

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