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Carta do Gestor - Janeiro de 2017

Prezado investidor,


O ano de 2017 começou de forma promissora. Deixando as histerias coletivas de lado e mantendo o foco nos fatos e nos fundamentos, percebemos que não houve nenhum tipo de ruptura. O presidente eleito dos EUA Donald Trump tomou posse e, pasmem, começou a cumprir diversas de suas promessas de campanha. Não se viu aquele caos, por muitos apregoado. Pelo contrário, as bolsas norte-americanas atingiram novos recordes de preços. O Reino Unido também, ao que tudo indica, seguirá na linha da saída completa da União Europeia, conforme o desejo manifestado pela maioria de seus cidadãos. Consequência: houve uma revisão do crescimento de PIB de 1,4% para 2%.


No Brasil, a convergência da inflação para o centro da meta tem sido a principal notícia positiva no campo econômico. Na reunião de janeiro, o COPOM acelerou o corte da taxa de 0,25% para 0,75%, levando-a para 13% ao ano. Acreditamos que teremos um novo corte da mesma magnitude na reunião que ocorrerá no final deste mês. A queda de juros contribuirá para a retomada nos investimentos e para o aumento da demanda por crédito.


Houve ligeira recuperação na atividade industrial, principalmente devido a recomposição de estoques e as exportações. O governo estuda medidas no intuito de liberar recursos do FGTS para seus beneficiários, recursos estes que se converterão em consumo. Também há perspectivas de aumento nas faixas de renda do programa Minha Casa, Minha Vida. O recesso no legislativo contribuiu para a calmaria ao longo do mês, apesar do trágico acidente aéreo que vitimou o Ministro do STF responsável pelas homologações no âmbito das delações premiadas da Operação Lava-Jato.


Diante deste quadro, houve uma apreciação do Real ao longo do mês ao mesmo tempo em que o Ibovespa subiu 7,3%. Nosso portfólio acompanhou o índice neste desempenho.


Seguimos otimistas diante das perspectivas de retomada da atividade para este ano. Trabalhamos com um cenário onde nosso PIB deverá subir por volta de 1% este ano, deixando para 2018 um crescimento mais próximo de 2%. A inflação deve ficar próxima aos 4,5% ao ano, com os juros provavelmente atingindo os 9% ao longo de 2018.


Para que este cenário efetivamente ocorra, contamos primordialmente com o sucesso do atual governo em dois eventos: o primeiro é conseguir preservar os principais nomes do Governo da Operação Lava-Jato. Entendemos que, além do próprio Michel Temer, seria desejável que o Ministro da Fazenda conseguisse sair ileso das quase 80 delações premiadas. Os demais nomes, alguns dos quais citados anteriormente, podem ser facilmente substituídos sem grandes traumas.


O segundo e mais relevante ponto é o sucesso na aprovação da Reforma da Previdência, de preferência na primeira metade deste ano. O projeto apresentado foi muito bom e tem alguma margem de manobra. Seria desejável que fosse aprovado tal como apresentado, mas não acreditamos que nossos congressistas estejam com este nível de maturidade. Com o atual Congresso, o máximo que conseguimos costuma ser o mínimo necessário. A idade mínima aos 65 anos para ambos os sexos e o regime de transição, a partir dos 50 anos, seriam parâmetros que devolveriam o equilíbrio fiscal ao longo dos próximos anos. Acreditamos que apesar do mise em scène, o Congresso Nacional deve aprovar essa Reforma da Previdência por volta da metade do ano.


As eleições para as presidências das casas, de Eunício Oliveira para o Senado e de Rodrigo Maia para a Câmara dos Deputados, por ampla e confortável margem e no primeiro turno, ambos alinhados com o Palácio do Planalto, foram sinais de que o governo Temer ainda tem um bom capital político para promover essa e outras reformas relevantes, como a trabalhista.


Seguimos investidos em empresas que devem se beneficiar por vários canais distintos deste processo. Elas se beneficiarão da queda nas taxas de juros e da retomada do crescimento econômico, principalmente nos setores de varejo, logística, aluguéis corporativos e ainda de infraestrutura. Também se beneficiarão da redução continua da aversão ao risco, principalmente as empresas de pequena e média capitalização. Boa parte dos nomes que investimos seguem com descontos relevantes para seus pares, quaisquer que sejam as métricas de comparação.


Alocação setorial GTI Dimona FIA

Que o ano de 2017 permita que esses importantes ajustes devolvam ao país a capacidade de crescimento sustentável.


Atenciosamente,

André Gordon

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