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Carta do Gestor - Novembro de 2021

Prezados Cotistas,


Fechamos o mês de novembro com pequena alta de 0,43% em nosso portfólio, enquanto o IBOVESPA teve queda de 1,53%. O Dow Jones caiu 3,8% enquanto o S&P 500 teve queda de 0,84%, desempenho melhor que as principais bolsas europeias e asiáticas, com quedas entre 3% e 4%. Apesar do dólar ter se valorizado 2% em relação à cesta de moedas, o nosso Real teve ligeira apreciação ao longo do mês, de 0,24%.

O FED mudou o tom em seus comunicados. Começou a sinalizar que a inflação “temporária” estaria apresentando maior persistência de forma que devem ser esperadas maiores reduções nos estímulos monetários nos próximos meses. Abriu-se espaço para que o ciclo de elevação na taxa básica de juros possa ter início já em meados de 2022.


Uma nova variante do corona vírus, a ômicron, foi detectada na África do Sul, ainda que cientistas holandeses tenham detectado que o vírus já circularia nos Países Baixos algumas semanas antes. Aparentemente esta nova variante seria mais transmissível, ainda que, até o momento, tem apresentado sintomas mais leves e baixas taxas de internação. Como nas semanas anteriores a esta nova variante havia forte elevação no número de casos nos países da Europa Central e Oriental, um novo pânico se formou contribuindo para a realização nos mercados, tementes de novas restrições de circulação.


No Brasil, apesar de 3 casos desta nova variante terem sido detectados, a evolução no número de novos casos de Covid-19 segue com dinâmica positiva. O país já caiu para a 53ª posição em número de casos por milhão de habitante e a campanha de vacinação segue em ritmo acelerado. Apenas para dezembro é esperada a entrega de mais 136 milhões de doses, completando um total de 559 milhões. 75% dos brasileiros já receberam ao menos uma dose de vacina, enquanto 63% teriam completado o ciclo vacinal. Com base nessas informações, não acreditamos que haverá novas medidas de restrições à mobilidade.


O Congresso Nacional seguiu com a tramitação da PEC dos Precatórios, que foi modificada pelo Senado Federal e terá que voltar para a Câmara dos Deputados. Apesar do atraso, a tendência é que as modificações contribuam para reduzir o “dano” fiscal em relação à proposta inicial. Este risco fiscal nos parece bastante superestimado pelo mercado. Lembramos que os resultados obtidos pelo país durante este ano foram superiores às estimativas iniciais, de forma que o que parece estar inflamando muito a discussão é o componente político.


E o jogo político evoluiu bastante ao longo deste mês. O ex-juiz Sérgio Moro se filiou ao Podemos e já se anunciou como pré-candidato à presidência da República. Da mesma forma, o governador de São Paulo, João Agripino Dória, venceu as tumultuadas prévias eleitorais do PSDB e disputará com Sérgio Moro e Ciro Gomes a liderança pela “terceira via”. O presidente Jair Bolsonaro, finalmente se filiou a um partido, o PL, após intensas negociações para que tivesse o direito de indicar alguns nomes para os Governos Estaduais e para o Senado. Ele entendeu que num segundo mandato, precisará contar com uma base mais consistente e alinhada em relação ao “balaio de gato” que se aglutinou em torno de sua candidatura em 2018.


Lembramos que neste acordo houve também a costura de alianças junto com o PTB e com o PRB, ao que tudo indica, com potencial para formar uma forte base congressual para o próximo ciclo. Quem não teve um mês muito profícuo foi o ex-presidente Lula. Apesar do desempenho de parte da imprensa em tentar promovê-lo como um “grande estadista” por conta de sua visita ao Parlamento Europeu, ele segue sem conseguir “colocar a cara na rua” e as pesquisas de intenção de votos começaram a indicar números em queda.


O principal desempenho no portfólio foram as ações da Petrobras, com alta de 8% no mês. Apesar dos ruídos recorrentes, a Gestão da empresa segue de acordo com o que diz o seu Estatuto Social e as determinações do Conselho de Administração.

Ela concluiu a venda da refinaria RLAM, por USD 1,8 bi e aguarda o leilão dos volumes excedentes da Cessão Onerosa dos Campos de Sépia e Atapu, na Bacia de Santos, previsto para ocorrer em 17 de dezembro. A empresa deverá ser ressarcida pelos compradores, em torno de USD 6 bi, por conta dos investimentos por ela já realizados, lembrando que a Petrobrás ficará com 30%. Esta formidável geração de caixa tanto pela venda de ativos quanto pelo operacional favorecido pelo alto nível nos preços do petróleo tem contribuído para a farta distribuição de dividendos da empresa. A empresa distribuirá USD 7,5 bi em dezembro, aproximadamente 13% de seu valor de mercado.


A empresa deverá distribuir, nos próximos 5 anos, um montante de dividendos equivalente ao seu atual valor de mercado. Foi anunciado seu novo plano de investimentos, para os próximos 5 anos, de USD 68 bi. Deste volume, em torno de USD 57 bi serão investidos na exploração, principalmente nos campos do pré-sal.

As ações da Vulcabrás também tiveram excelente desempenho, com alta de 20,4% no mês. A empresa foi outra que apresentou, no trimestre, o melhor resultado de sua história, com geração operacional de R$ 102 mi, 55% superior ao 3Q20 e volume de calçados esportivos, 22%. Foi anunciada a primeira distribuição de dividendos em 10 anos, creditando aos acionistas aproximadamente 3,5% de seu valor de mercado. No campo negativo, as empresas de varejo tiveram os piores desempenhos, refletindo os riscos da desaceleração da atividade por conta do ciclo de aperto monetário. A inflação persistente tem contribuído para a redução do poder de compra das famílias e frustrando as vendas.


Por fim, entendemos que a substantiva elevação de juros no Brasil ajudará a trazer as expectativas de inflação dos próximos anos para suas respectivas metas num período, provavelmente, mais rápido do que o que está refletido na curva de juros. Por outro lado, não podemos desconsiderar que parte relevante do mau desempenho do mercado acionário, nos últimos 5 meses, também se deve ao ajuste de portfólio dos investidores, que trocaram renda variável pela renda fixa.

Para fundos como os nossos, com perfil de investimento de longo prazo, essa condição técnica propicia o investimento em ótimas empresas e com taxas de retorno esperadas bastante satisfatórias.




Alocação setorial - GTI Nimrod FIA


Atenciosamente,

André Gordon.

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