Prezados cotistas,
O IBOVESPA teve uma queda de 1,7% em Abril. A performance em dólares do IBOVESPA (queda de 5,1%), é bem similar ao desempenho das principais bolsas do mundo. O S&P 500 caiu 4,2% e o Nasdaq 4,4%. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram quedas de 5,7%, 5,4% e 4,8%, respectivamente. O dólar teve apreciação de 1,1% em relação a cesta de moeda e 3,6% em relação ao Real.
Foi um mês bastante movimentado, onde além de perspectivas mais contidas quanto ao início do ciclo de corte na taxa básica de juros pelo FED, assistimos, pela primeira vez, o Irã promovendo um ataque com mísseis e drones contra o Estado de Israel, colocando todo o Oriente Médio em estado de alerta máximo e deixando o mundo ainda mais tenso. Começando pelo Oriente Médio, o Irã quis passar para a sua população uma mensagem de força de seu Regime, reagindo ao bem-sucedido ataque, supostamente por Israel, contra um edifício da Guarda Revolucionária Iraniana, anexo à embaixada do país em Damasco. Neste ataque morreram 7 oficiais iranianos, inclusive um chefe de alta patente, responsável por comandar os ataques contra o norte de Israel pelo Hezbollah.
Foram lançados contra Israel 170 drones e quase 120 mísseis balísticos, testando os diversos sistemas de defesa de Israel, como o Arrow e o Iron Dome. Pôde ser concluído que o sistema defensivo passou nesse stress test, uma vez que 99% dos projéteis foram interceptados antes de entrar em território Israelense. As Forças de Defesa de Israel contaram com a ajuda, além das Forças Aéreas Norte-Americanas e Britânicas, da Jordaniana e Saudita.
O Iran fez questão de antecipar que sua resposta estava dada e se limitaria àquela operação. Alguns dias depois, a resposta israelense veio, também de forma comedida e seguindo a orientação do Governo Biden para que não escalasse o conflito. Foi efetuado um ataque, a partir do próprio território iraniano, contra o sistema de defesa de usinas nucleares na região de Isfahan. O Iran informou que não houve danos e até o momento ninguém confirmou, ao certo, a profundidade deste ataque.
Acreditamos que esse conflito no Oriente Médio ainda terá novos capítulos. Enquanto a guerra contra o Hamas parece se aproximar de seu final, com o Hamas claramente enfraquecido e aguardando apenas o esperado ataque contra seu último reduto em Rafah, provavelmente ainda haverá alguma escalada na frente norte, contra o Hezbollah e eventualmente com um novo envolvimento do Iran. Por hora, ninguém parece querer a escalada, o que trouxe certa calmaria em relação ao preço do petróleo.
Já nos EUA, tivemos o IPC vindo marginalmente acima das expectativas, principalmente seu core, em 2,4% ao ano. O deflator do PIB também veio um pouco acima, em 2,8%. Diante destes indicadores, o mercado foi deixando de lado as últimas esperanças de que o início do ciclo de queda na taxa básica pudesse começar em Junho. A maioria que acreditava em 3 cortes de 0,25% em 2024 perdeu força e hoje o mercado trabalha com a probabilidade de apenas 1 corte de juros neste ano, provavelmente na reunião de Novembro, salvo alguma surpresa muito positiva nos próximos estimadores de preços ou, ainda, sinais mais contundentes de perda de força na atividade econômica ou no mercado de trabalho. A curva de juros Norte-Americana se deslocou 0,4% para cima, levando a uma correção nos preços dos ativos reais.
No Brasil, o índice IBOVESPA só não teve um desempenho pior devido a sua elevada exposição em Petrobras e Vale. As ações da Petrobrás tiveram desempenho positivo, apesar da defasagem de preços dos derivados estar próxima de 20%. Subiram mais de 15% com a aprovação, pelo seu Conselho de Administração, da distribuição de metade dos dividendos extraordinários que estavam retidos e com a permanência de Jean Paul Prates como CEO, após rumores de que poderia ser substituído por algum nome com perfil mais político.
Já a Vale subiu 4%, pouco diante da elevação de quase 15% no preço do minério de ferro. Seguem as preocupações do mercado com o risco político. O Presidente Lula quer forçar investimentos da empresa em minas menores e pouco competitivas além das pressões pelo acordo final em relação ao acidente de Mariana. Os números que vem sendo ventilados, caso tenham um fluxo de pagamentos mais longo, podem trazer boas notícias para o balanço da Vale, que não teria necessidade de fazer novas provisões relevantes já que a própria Samarco poderia passar a arcar com essas despesas após 2028.
Novamente, a queda dos nossos fundos recaiu sobre as chamadas small e mid caps, muito em função deste aumento de aversão ao risco. Além dos já citados fatores externos, o Governo Brasileiro alterou, novamente, as metas fiscais para este e para os próximos anos. O desejado equilíbrio fiscal ficou apenas para 2026. Não que tenha surpreendido alguém, visto que este Governo se elegeu sob a égide de expansão de gastos e, uma de suas primeiras medidas, foi a derrubada do “Teto de Gastos”, substituído pelo atual Arcabouço Fiscal. Essa peça atual se assemelha mais a uma carta de intenções, uma vez que os responsáveis pelos eventuais descumprimentos das metas não incorrem em crime de responsabilidade e nem punição.
Para 2025, o Governo desistiu de buscar o superávit primário de 0,5% do PIB, alterando o orçamente para o equilíbrio entre receitas e despesas, o que era esperado para o ano corrente. Para 2026, o esperado superávit de 1% cedeu espaço para o de 0,25% e que, se considerarmos a margem de tolerância de 0,25%, o Governo poderá se abster de superávits primários durante todo o seu mandato. Essas alterações abriram espaço para mais gastos na ordem de R$ 160 bi nos próximos 2 anos. Esse reconhecimento, por parte do Governo, de sua incapacidade com os compromissos fiscais assumidos, levou a curva de juros em torno de 0,5% para cima, atingindo os 12% ao ano nos dias mais críticos, e explicando o péssimo desempenho das ações cujo valor presente do fluxo de caixa se concentra mais na perpetuidade.
Na reunião do FED em primeiro de maio foi decidida a manutenção na taxa básica de juros em 5,25%. O comunicado emitido praticamente eliminou o risco de novas altas e acabou sendo visto como mais “dovish” pelo mercado. O início dos cortes foi postergado, provavelmente, para o último trimestre do ano pois a inflação continua resiliente acima da meta de 2% ano.
Em meio a estes eventos, a Moody`s elevou a perspectiva de nota de crédito do Brasil de Neutra para Positiva, ainda dois níveis abaixo do Grau de Investimento. Pouco e tarde demais. Com a recente deterioração fiscal, essa mudança acaba sendo menos importante do que seria, caso a Fazenda estivesse concentrada no corte de despesas e a trajetória de nosso endividamento estivesse sinalizando uma inflexão para baixo.
Os destaques positivos no mês ficaram por conta das empresas de commodities, com a CBA subindo 26,7% em reflexo a alta de 10% no alumínio. A Vale, nossa maior posição, subiu 4%. As empresas de maior crescimento esperado em nosso portfólio e também as mais endividadas como a Simpar e Ambipar caíram 22% e 36% respectivamente, explicando boa parte de nosso descolamento em relação ao Ibovespa.
Continuamos utilizando as mesmas premissas macroeconômicas, exceto pela postergação por alguns meses no início do ciclo de queda dos juros nos EUA. Esse atraso acaba tendo impacto no nosso ciclo de queda doméstico, provavelmente mantendo a taxa terminal desta primeira etapa mais próxima do nível de 10% ao ano, já contemplada nos atuais preços dos ativos.
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA
Atenciosamente,
André Gordon.
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