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Carta do Gestor - Março de 2025

 Prezados cotistas,

 

Em Março, o S&P 500, o Nasdaq e o Dow Jones caíram respectivamente 5,75%, 7,69% e 4,2% enquanto nossos Fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD subiram 4,12%, 3,94% e 4,04%. O IBOVESPA subiu 6,08%. O Dólar perdeu 3,2% em relação a cesta de moedas e 3% em relação ao Real. Os treasuries fecharam marginalmente suas taxas ao longo da curva, com a maioria dos vencimentos em até 10 anos negociando com taxas inferiores à Taxa Básica. Diante deste indicador de possível recessão à frente, os Mercados voltaram a precificar ao longo deste ano de 2025 ao menos 3 cortes de 25 pontos na Taxa Básica.


Por trás deste mau humor em relação aos principais Mercados esteve o tema sobre as novas tarifas de importação a serem adotadas pelos EUA a partir de Abril. Ainda não há total clareza sobre quais serão as consequências dessas medidas, até porque elas provavelmente serão alteradas conforme as Nações forem buscando junto às autoridades Norte-Americanas novos parâmetros para suas próprias tarifas, além de outras medidas compensatórias. Num primeiro olhar, as novas tarifas adotadas pelos EUA foram proporcionais ao seu déficit comercial em relação à determinada Nação, portanto a alíquota média que o país em questão aplica em relação aos EUA. Os Países do Sudeste Asiático como o Vietnã, Camboja, Laos e Myanmar foram os mais prejudicados, com tarifas em torno de 45%. China ficou com tarifa de 34%, Japão 24%, União Europeia de 20% enquanto Reino Unido, Singapura, Austrália, Brasil e Argentina ficaram com 10%, alíquota mínima.


Acreditamos que esse movimento dos EUA objetiva melhorar suas relações de troca com as demais nações e interromper o processo de desindustrialização que ocorre no País há décadas. Não se trataria apenas de um movimento pontual, mas de uma tentativa de chamar as principais Nações para a mesa de negociações no intuito de promover o que seria uma espécie de “novo acordo monetário internacional” na sequência de um longo vácuo desde os acordos de Plaza, em 1985 e do Louvre, dois anos depois. Em 1985, os EUA já enfrentavam um problema similar e, na época, instaram Japão e Alemanha a valorizarem suas moedas frente ao Dólar. A China ainda era uma Nação de pequena relevância econômica e não participava dessas negociações. Ao longo dos dois anos subsequentes, o Dólar perdeu em torno de um terço de seu valor, recuperando a balança comercial do país e levando aos ajustes no acordo do Louvre.


Os EUA vivem o dilema de ter uma moeda excessivamente apreciada em função de sua primazia como reserva de valor global, o que seria bastante positivo, garantindo financiamento barato aos seus cidadãos. Por outro lado, os déficits sucessivos e crescentes tendem a afetar, em algum momento, a confiança sobre a moeda, levando a instabilidades diversas e num País já sem a mesma base industrial. Esse ficou conhecido como o Paradoxo de Triffin.

O Banco Central Europeu alertou aos Mercados que o movimento tarifário adotado pelo Governo Trump poderia levar a uma guerra tarifária, com retaliações das demais nações o que não apenas prejudicaria o crescimento econômico global, mas também o combate a inflação. O BCE cortou mais 25 pontos na Taxa Básica, reduzindo-a para 2,5% e sinalizando a continuidade deste movimento.


No Brasil tivemos a última elevação de 1% na Taxa Selic para 14,25% e o comunicado do BCB sinalizou que a magnitude de um próximo ajuste será menor e dependente das variáveis monitoradas pela Instituição. A inflação corrente segue elevada, mas desacelerando enquanto as expectativas quanto ao IPCA para os próximos anos pararam de se deteriorar. Para este ano de 2025 os economistas acompanhados pelo BCB esperam uma inflação de 5,65%, portanto, muito superior ao teto da meta. Para 2026 e 2027 a inflação esperada recua para 4,5% e 4%, ainda bastante acima da meta, mas dentro do seu limite de tolerância. Com a apreciação do Real e queda no preço dos combustíveis, podemos inferir que o processo de revisão de expectativas deve seguir evoluindo positivamente. Caberá ao Ministério da Fazenda controlar seus gastos e não prejudicar o custoso ajuste monetário, que juntamente com o descontrole nos gastos nos levará a um déficit operacional este ano de aproximadamente 9% do PIB.


O desempenho do Ibovespa foi então favorecido pela melhora de expectativas quanto ao final do ciclo de alta nos juros, mas também pelo bom desempenho das commodities, cujo Índice subiu 1,5% no mês. Entendemos também que o fator técnico esteja muito favorável de forma que melhoras adicionais nas expectativas quanto a uma possível virada tendem a levar a correções relevantes nos preços. Não podemos deixar de mencionar que as pesquisas que indicam queda na popularidade do Presidente Lula, levando-a a um novo patamar mínimo histórico, começam a levar alguns a acreditar que nas eleições de 2026 poderemos ter um Governo de caráter menos intervencionista.


O destaque do mês foram as ações da Simpar, que subiram 30% e contribuíram com 1,2% de nosso desempenho. Os resultados das subsidiárias como JSL, Movida e Vamos foram bastante positivos. A expectativa de juros menores numa empresa em que o endividamento representa em torno de 90% de seu valor de firma (EV) tem um efeito bastante relevante e com potencial multiplicador para o equity. O segundo destaque foram as ações da empresa petrolífera Brava, com alta de 28%, refletindo a produção diária de petróleo atingindo o guidance e chegando a 75 mil boe/dia.


Entre os detratores, as ações da Suzano caíram 6% refletindo mais a apreciação do Real do que as boas perspectivas de produção, com a entrada bem-sucedida da planta de Ribas do Rio Pardo, além do preço da celulose subindo marginalmente devido a saída de um importante player chinês. Neste momento, a Suzano é uma posição que será percebida no Mercado como mais defensiva, servindo até como funding para os fundos financiarem posições de maior Beta.


As ações da Tupy caíram 11,7% e foram a segunda maior detratora de desempenho, tendo subtraído 0,4% do Fundo. Os maiores acionistas, Previ e BNDES indicaram para novo CEO da Empresa Rafael Lucchesi em substituição ao atual Fernando de Rizzo. Há dois anos esses acionistas indicaram para o Conselho de Administração duas pessoas sem quaisquer vínculos com a empresa, com o setor ou mesmo com qualquer empresa produtiva.  Parecia apenas o infeliz e frequente desvio de finalidade ou mesmo o não comprometimento deste Governo (e suas estatais e autarquias) com o princípio básico da impessoalidade. Rafael tem ligações com o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo feito parte da equipe de transição do Governo Lula. Foi Diretor do SENAI, preside o CA do BNDES e atua em outras Entidades de Classe. Não temos informações adicionais sobre suas qualificações e nem aqui buscamos diminuí-las, mas temos sobre o atual CEO, Fernando de Rizzo. Excelente Executivo, com muitos anos de experiência no Setor e na Empresa, ele foi responsável pela internacionalização da Tupy, assim como de sua entrada em segmentos novos, como o de biometano.


É uma Empresa Industrial que deve estar sempre em consonância com novas tecnologias que possam afetá-la diretamente ou aos seus clientes e fornecedores. Faz parte de uma longa e complexa cadeia de suprimentos e que requer parcerias e relacionamentos de longo prazo, algo que Fernando atendia com excelência. A queda nas ações da Empresa se deu pelo receio dos acionistas quanto a futuras interferências na Gestão da Empresa, sempre privilegiando relacionamentos pessoais e em detrimento de critérios estritamente técnicos.  Dado o valor bastante deprimido das ações, negociadas entre 4 e 5 vezes o lucro, optamos por aguardar até que tenhamos os sinais de como esse processo se desenvolverá.



Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA
Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.




 
 
 

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