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Carta do Gestor - Janeiro de 2020

Prezados cotistas,


Janeiro de 2020 foi um longo mês. Iniciou-se dando continuidade ao movimento altista do quarto trimestre de 2019, até com certa euforia e terminou sob as incertezas trazidas pelo surgimento da epidemia do Corona vírus na China.


O Ibovespa encerrou o mês com queda de 1,63%, depois de ter subido mais de 3% ao longo do mês. Nosso principal fundo fechou com variação de 0,01%. O destaque no mês foi a valorização do dólar frente a cesta de moedas, em 1,04%, mas em particular frente ao Real, que perdeu 6% de seu valor. O S&P também fechou perto da estabilidade, depois de bater novos recordes, mas o Nasdaq preservou variação positiva de 3,2%, refletindo os fortes resultados das empresas da “nova economia”.


Os indicadores econômicos divulgados ao longo do mês reforçaram a preocupação do governo com a disciplina fiscal, apesar dos números recordes com o déficit previdenciário. Houve uma queda na confiança dos consumidores e elevação na confiança dos empresários, apesar dos números mais fracos da produção industrial. A luz da atividade ainda apresentando sinais alternados e diante do bom comportamento das expectativas de inflação, acreditamos que o COPOM irá promover mais um corte de 0,25% na taxa Selic, trazendo-a para novo recorde, em 4,25%, e fazendo com que o retorno real dos investimentos dos fundos DI, após a tributação, sejam muito próximos de zero. Isso deve alimentar o contínuo processo de migração de investimentos de fundos de menor risco para fundos de ações e multimercados mais agressivos.


Os fundamentos econômicos permanecem os mesmos: a inflação está controlada e abaixo da meta para 2020 e na meta para 2021. Há retomada continua da atividade, sendo alimentada pela geração de novos empregos e que deve levar o PIB a variação positiva superior a 2% este ano. Os trabalhos legislativos devem ser mais intensos neste início de ano, perdendo velocidade com o início do processo eleitoral para prefeitos e vereadores no segundo semestre. Quaisquer avanços nas áreas administrativas e tributárias serão bastante positivos e contribuirão para a recuperação do grau de investimento pelo Brasil.


Quanto à epidemia do Corona vírus, ainda temos poucos elementos para uma avaliação mais completa. Por hora, há incertezas diversas quanto à capacidade de expansão desta epidemia, assim como sua letalidade. Aparentemente a expansão está sendo bem mais rápida do que foi com a SARS, porém com menor letalidade. Como a taxa de transmissão deste vírus se encontra entre 1,4 e 2,5 pessoas por pessoa infectada, o vírus é considerado autossustentável. Por outro lado, o governo chinês tomou algumas medidas extremas, como deixar a região de Wuhan em quarentena e a restrição a movimentações de pessoas, além de isolar os contaminados. Essas medidas parecem estar contribuindo para conter a expansão da epidemia, enquanto diversas nações se empenham em desenvolver uma vacina. Há estimativas de que essa epidemia possa reduzir o PIB chinês para 2020 de 6% para até 4,5%, inclusive afetando o suprimento de importantes indústrias, podendo ter um efeito recessivo sobre as principais economias do mundo, dentre as quais a nossa, visto que a China é nosso maior comprador de matérias-primas. Se por um lado essa incerteza levou a fortes quedas nas empresas mais relacionadas a commodities, caso a preocupação mais alarmista se esvaia num curto período, devemos perceber a recuperação dos preços para os níveis anteriores.


No mês tivemos os destaques positivos de Guararapes, com alta de 22,3%, seguida por JSL, novamente, com alta de 16,8%. Como destaque negativo a queda de 8,7% nas ações da Itaúsa, após a sinalização de estabilidade nos resultados para este ano. Também destacamos a alta de 17% nas ações da Magazine Luíza, posição que estamos vendidos. O valor de mercado da empresa já chega perto dos R$ 100 bilhões, e mesmo com uma certa dose de otimismo, não vislumbramos resultados muito acima de R$ 1 bilhão para a companhia até 2021. Isso seria o equivalente a um múltiplo de preço/lucro ao redor de 100x, o nos parece excessivamente otimista, assumindo que, diferente de outros mercados como Estados Unidos e China, onde há um claro vencedor, o segmento de comercio eletrônico é altamente competitivo no Brasil. Vale destacar que no ano passado os resultados foram inflados por benefícios tributários não recorrentes, mas o foco dos analistas tem sido no forte crescimento nas vendas através de parceiros (marketplace), cujas margens de equilíbrio de mais longo prazo ainda são de difícil previsão.


Atenciosamente,

André Gordon


Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA


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